Aquecedor solar reduz demanda de energia para água quente e gera
economia
Saiba como funciona
o sistema de aquecimento solar de água, amplamente usado no Brasil, dos
chuveiros às grandes piscinas aquecidas
Redação AECweb /
e-Construmarket
O sistema de aquecimento solar pede atenção em épocas de baixa insolação
(Vittavat Apiromsene/ Shutterstock.com)
A energia térmica gerada pelos aquecedores solares no Brasil coloca o País na
quinta posição no ranking mundial da Agência Internacional de Energia (IEA, na
sigla em inglês), com capacidade instalada de 8 GW. “São várias e consistentes
as razões para o uso do aquecimento solar de água,
a começar pela economia que proporciona, já que o preço médio da energia gerada
é muito inferior às várias opções disponíveis como eletricidade e gás”, diz
Marcelo Mesquita, secretário executivo do Departamento Nacional de Energia
Solar Térmica da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado,
Ventilação e Aquecimento (Dasol/Abrava).
Os aquecedores solares identificados com a etiqueta
do Inmetro têm vida útil média de mais de 20 anos, de acordo com o secretário
da Abrava. O apelo ambiental do produto também se baseia em dados: cada metro
quadrado de coletor solar em uso durante
um ano evita a inundação de cerca de 56 m² de terras para a geração elétrica; o
consumo de 215 kg/ano de lenha; e de 55 kg/ano de GLP.
O preço médio da energia gerada [por
aquecedores solares de água] é muito inferior às várias opções disponíveis,
como eletricidade e gás
Marcelo
Mesquita
Nas famílias de baixa renda, o valor
economizado na conta de luz é destinado para principalmente a educação e
alimentação, de acordo com pesquisas realizadas pela Caixa Econômica Federal.
Não é coincidência, portanto, que a aplicação predominante do sistema de aquecimento solar (SAS) ocorra no
segmento residencial dos mais variados portes, chegando com sucesso, nos
últimos anos, às habitações do Minha Casa, Minha Vida. É amplamente utilizado,
também, em hospitais, hotéis, motéis, vestiários, refeitórios, edifícios,
indústrias, academias e piscinas. Na forma de processos heliotérmicos, o
sistema de aquecimento solar se destina à geração de energia elétrica em indústrias.
O sistema de aquecimento solar para
banho, também chamado de coletor plano fechado, é formado basicamente por coletores solares térmicos, reservatório e tubulações.
“A água fria entra no reservatório térmico e alimenta o coletor solar, onde é
aquecida. Após o aquecimento da água, ela retorna
para o reservatório térmico, de onde sai uma tubulação para
abastecer os pontos de consumo”, explica Mesquita.
COLETORES SOLARES
O coletor plano fechado é constituído
pela caixa externa, geralmente em alumínio, que suporta todo o conjunto. É
revestida por de lã de vidro ou de rocha, ou espuma de poliuretano, com a
função de isolamento térmico da caixa externa, minimizando as perdas de calor. Tubos de cobre, chamados de flauta e calhas superior e
inferior, são interconectados para permitir o escoamento do fluido no interior
do coletor.
O conjunto recebe a placa absorvedora (aletas), responsável pela
absorção e transferência daenergia solar para
o fluido de trabalho. São metálicas, feitas de alumínio ou cobre, e pintadas de
preto fosco ou recebem tratamento especial para melhorar a absorção. O coletor
é finalizado com peça de cobertura transparente - vidro, policarbonato ou
acrílico - que asseguram a passagem daradiação solar e
minimizam a perda de calor por convecção e radiação para o meio ambiente. A
vedação final é executada para isolar o sistema da umidade externa.
RESERVATÓRIOS TÉRMICOS
Já o reservatório térmico é
responsável por manter a água quente. Ele é constituído de corpo interno, que
fica em contato direto com a água, por isso deve ser feito de materiais
resistentes à corrosão, como cobre e aço inoxidável. A peça também recebe
isolamento térmico, com os mesmos materiais do coletor, instalados entre o
corpo interno e externo, para mitigar qualquer perda de calor. O corpo externo,
em alumínio, aço galvanizado ou carbono pintado, protege o isolamento térmico
de intempéries.
O termostato instalado
no reservatório cumpre duplo papel, pois além verificar a temperatura da água no seu interior, vai acionar a
resistência elétrica nos dias de baixa insolação. O reservatório térmico é
apoiado e fixado em suportes e uma tampa lateral faz a vedação.
CIRCULAÇÃO DA ÁGUA
“A circulação da água no sistema pode
ser por termossifão ou forçada”, diz Marcelo Mesquita, que continua: “No caso
do termossifão, com a variação da temperatura da água, há uma mudança de
densidade. Por ter menor densidade, a água quente se
torna mais ‘leve’ em relação à fria. Com isso a água quente ‘sobe’ naturalmente
para o reservatório térmico. Para ter a circulação por termossifão, é
necessário verificar as condições do local da instalação, para garantir que
este processo possa ocorrer. Já na circulação forçada, a água é bombeada pelo
sistema”.
No aquecimento de piscina, o
princípio de funcionamento é similar e as principais diferenças estão no do
tipo de coletor. Neste caso, são os coletores abertos, geralmente de polímeros
sintéticos de plástico ou borracha, como polipropileno, polietileno, EPDM, uma
vez que a temperatura necessária fica em torno de 30°C. No caso das piscinas, é
necessário também o bombeamento da água para circulação entre a piscina e os
coletores. “A piscina é considerada um tanque, como um tipo de reservatório
térmico”, compara.
AQUECIMENTO AUXILIAR
O SAS pede atenção em épocas do ano
com baixa insolação, quando são utilizados recursos de compensação térmica.
Para regiões com histórico de geadas, uma válvula térmica anticongelante é
instalada a fim de evitar que a água do coletor vire gelo. “Em dias com nível
de insolação insuficiente para aquecimento da água, alguns sistemas possuem o
CDT - Controle Digital Diferencial de Temperatura. O dispositivo aciona
automaticamente o aquecimento auxiliar elétrico existente dentro dos
reservatórios, para complementação da temperatura. Para aqueles que não dispõem
deresistência elétrica, a compensação da temperatura é
realizada por um simples chuveiro elétrico instalado
no ponto de uso, ligado pelo usuário somente quando necessário”, explica
Mesquita.
Entre os sistemas auxiliares de
aquecimento, os mais utilizados são aqueles que empregam o gás ou a
eletricidade, e devem atender às exigências e características de projeto para o
volume de água quente especificado. “De maneira simples, nas casas de programas
habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida e CDHU-SP, a solução adotada para o
sistema auxiliar foi a instalação de um chuveiro elétrico no ponto de banho.
Simples e econômico”, diz o secretário executivo do Dasol, destacando que já
existem no mercado chuveiros inteligentes que avaliam a temperatura de entrada
da água no chuveiro e complementam automaticamente essa temperatura para o
nível de conforto desejado, programado pelo usuário.
Já em projetos e aplicações maiores,
a decisão de utilização por um dos tipos de sistema é uma análise complexa e
envolve avaliação de custos dos energéticos, características do projeto,
disponibilidade e facilidade de instalação nas condições da obra. “Não há uma
solução definida e absoluta, cabendo avaliação técnica por especialistas, como
as empresas participantes do Programa Qualisol Brasil”, sugere.
Recomendamos que (...) o
especificador escolha equipamentos participantes do Programa Brasileiro de Etiquetagem
(PBE), do Inmetro
Marcelo
Mesquita
DIMENSIONAMENTO
Os principais parâmetros para o
projeto de dimensionamento consideram o perfil de utilização de água quente, a
estimativa da demanda diária de água quente e sua temperatura. A localização do
imóvel em que os equipamentos serão instalados é fundamental para determinar a
radiação solar disponível e a temperatura ambiente com base em médias
históricas. Outro aspecto é a área disponível para a instalação dos coletores e
do reservatório, e as condições arquitetônicas para o correto dimensionamento e
a adequada integração do sistema, longe de áreas de sombreamento, por exemplo.
Faz parte do projeto a previsão de
tubulação com diâmetros adequados e de material destinado à água quente, como
cobre ou plástico. Os tubos devem receber isolamento térmico, para impedir a
perda de temperatura.
EQUIPAMENTOS E FORNECEDORES
“Recomendamos que, depois de
dimensionado o sistema, o especificador escolha equipamentos participantes do
Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro, que estão listados no
site do órgão (http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp).
Esses produtos contêm etiqueta que atesta sua qualidade e eficiência, indicando
a produção média mensal de energia (kWh/mês ou kWh/mês.m²)”, informa.
Outro passo importante é contratar
uma empresa especializada e isenta de interesses comerciais para assistência
técnica na etapa da especificação e no dimensionamento do sistema, acompanhamento
da instalação e aferimento do produto e da instalação, conferindo se estão de
acordo com o especificado em projeto. Empresas participantes do Programa
Qualisol da Abrava são referência para essas atividades.
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Marcelo Mesquita – É graduado em
engenharia elétrica com especializações em Planejamento do Setor Elétrico
(Unicamp), Gestão de Energia (Mackenzie) e Gestão Empresarial (Fundação Getúlio
Vargas). Atuou por 26 anos na Eletropaulo, nas áreas comercial e de eficiência
energética. Em 2007, iniciou carreira como professor universitário nos cursos
de graduação da Unisant’Anna. Desde agosto de 2009 ocupa o cargo de secretário
executivo do Departamento Nacional de Aquecimento Solar da Abrava.
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