Momento
complexo da construção civil exige mudança definitiva, dizem executivos
Profissionais pedem por maior integração entre
construtoras e incorporadoras em evento do setor
Fabiana
Holtz
27/Setembro/2016
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O grande desafio para a construção
civil hoje, segundo executivos do setor, é aproveitar a oportunidade para
melhorar seus processos e evoluir através da integração com outros membros da
cadeia. "Vivemos um momento complexo que vai exigir das empresas uma
mudança definitiva. Mesmo com a recuperação da economia, as coisas não serão
mais como antes", observou o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do
Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Carlos Alberto de Moraes Borges, na
abertura do II Encontro de Construtores e Incorporadores, realizado pela
entidade nesta terça-feira (27).
Esse movimento de integração,
segundo o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Construção
(SindusCon-SP), Jorge Batlouni Neto, traria diversos benefícios para todos.
"A participação da construtora na fase de desenvolvimento, por exemplo,
contribuiria positivamente para a racionalização do projeto. A construtora
também ajudaria com diversas dicas de economia de custo e participaria da
escolha de materiais, minimizando problemas futuros", afirmou.
Longo prazo
Planejamento e gestão foi o tema abordado pelo diretor presidente da Brookfield
Property Group Brazil, Roberto Perroni. O executivo trouxe detalhes sobre o
projeto da sede da L'Oréal, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O
empreendimento deve ser entregue em março de 2017.
"Quando conversamos com a
JPL Incorporadora sugerimos algumas melhorias no projeto. O interessante é que
tivemos de convencer a L'Oréal sobre o nosso objetivo com as mudanças propostas
e mostrar que a nossa meta era de longo prazo", disse Perroni. Nas
reuniões sobre especificações técnicas o executivo avalia que foi fundamental
ter a engenharia presente desde o início do processo.
Sobre a ciclicidade do mercado,
Perroni destacou que a taxa de vacância no segmento de escritórios está em
níveis semelhantes a 2004, entre 17% e 18%, após atingir patamares próximos de
3,5% entre 2008 e 2010. Segundo ele, taxas menores no segmento virão apenas em
2018. "Passamos pelo boom dos flats, dos shoppings centers e agora pelo
dos escritórios", acrescentou.
Para o executivo, gestão de
mercado se trata de entender como funciona o sistema e saber o momento certo
para a tomada de decisões.
Poder de decisão
Na sequência, o diretor de engenharia da Gamaro Desenvolvimento Imobiliário,
Fernando Carvalhal tratou da importância de quem decide para o resultado final
de um projeto. Em linhas gerais um projeto representa em torno de 2% do Valor
Geral de Venda (VGV) de um empreendimento, de acordo com o executivo.
"Isso tem um impacto significativo na etapa de produção".
Para Carvalhal, o envolvimento,
comprometimento, a visão de dono e a visão do usuário final são questões
fundamentais para a tomada de decisões.
O papel da construtora no desenvolvimento
dos negócios foi o tema tratado pela superintendente de serviços técnicos da
Hochtief do Brasil (HTB), Ana Cristina Chalita. Apesar da insistência de alguns
em manter serviços de caráter artesanal e a escassez de mão de obra
qualificada, o elevado grau de exigência tem ditado o mercado, segundo a
executiva. "Nesse contexto é imprescindível o gerenciamento e a
organização da cadeia de fornecedores", observou, ao recomendar a
integração da informação desde o princípio.
A evolução do setor pede, na
avaliação de Ana Cristina, o uso de sistemas integrados e novas tecnologias,
com investimento em capacitação, planejamento, racionalização e produtividade.
Os principais pontos relacionados
ao pós-obra/ocupação foram apresentados pelo diretor técnico da Tecnisa, Fábio
Villas Bôas. Resultado da forte desaceleração nas vendas, hoje a área de
assistência técnica da Tecnisa é maior que a de engenharia, revelou o
executivo.
Com foco na perenidade da
operação, Villas Bôas lembra que é preciso ensinar os usuários a operar a
estrutura que receberam. "Temos procedimentos específicos para a entrega
do imóvel onde explicamos o funcionamento de tudo e quais são as
responsabilidades do síndico e do proprietário da unidade".
Defensor da integração da empresa
de ponta a ponta como a chave para a entrega de um produto diferenciado, o
executivo conclui sua apresentação com uma frase de professor Peter Drucker,
pai da administração moderna. "O planejamento não diz respeito a decisões
futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes".
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