Entidades
de arquitetura criticam MP que possibilita às empreiteiras realizar
desapropriações
"Como pode o governo
transferir a uma empreiteira o poder de definir o que fazer com um trecho da
cidade?", questiona o presidente do IAB
Luísa
Cortés, do Portal PINIweb
13/Abril/2016
O Instituto dos Arquitetos do
Brasil (IAB) enviou um ofício no dia 6 de abril à deputada Soraya Santos
(PMDB-RJ), no qual manifesta, junto a outras cinco entidades do setor da
arquitetura, preocupação em relação à MP 700/2015 Segundo a entidade, a medida
provisória possibilita às empreiteiras a realização de desapropriações de
utilidade pública para a execução de empreendimentos com o uso da “contratação
integrada”, instrumento que dispensaria o projeto nas licitações de obras
públicas.
O presidente do IAB, Sérgio
Magalhães, afirmou no documento que “licitação sem projeto completo resulta em
obra com custo sem limite, prazo ampliado e qualidade baixa — demonstrado pelos
preços dos estádios da Copa, pelas obras paradas do PAC, pela Refinaria Abreu e
Lima, com custo dez vezes maior e muitas outras”.
“Agora, pela MP 700/15, a
empreiteira contratada por Contratação Integrada (isto é, sem projeto) recebe
do Estado o poder de desapropriação (Art 3º, IV). (…) No âmbito territorial, a
MP 700/15 há de ter implicações a avaliar. No âmbito urbano, por certo haverá
consequências políticas e sociais graves, visto o direito das populações
atingíveis, pois a MP é potencialmente dirigida às favelas e áreas pobres bem
situadas no contexto da cidade”, diz.
Magalhães ainda questiona: “como
pode o governo transferir a uma empreiteira o poder de definir o que fazer com
um trecho da cidade? E que isso se dê sem prévio projeto? Sem ouvir os
cidadãos?”, e ainda: “De fato, o governo alienará o que não lhe pertence. A
cidade é da cidadania, não é do governo”.
A manifestação é apoiada pelo
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Brasil (CAU BR), pela Associação
Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), pela Associação Brasileira de
Arquitetos Paisagistas (ABAP), pela Confederação Nacional de Arquitetos e
Urbanistas (FNA), pela Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE)
e pelo Sindicato Nacional de Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva
(Sinaenco).
Para acessar na íntegra o
documento enviado à relatora da Comissão Mista sobre a MP 700/2015, clique aqui.
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