quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Grandes obras


Telas de gabiões são fornecidas e os rachões entregues a granel. Geotêxteis e telas podem ficar expostos a intempéries quando estocados durante a execução




É importante observar a compactação do aterro – se está sendo feita com terra de boa qualidade – e se não há água no tardoz do gabião. Além disso, embora a execução seja relativamente simples, merece cuidados especiais, mas a grande dificuldade nesse tipo de obra é encontrar mão de obra especializada, que saiba executar e controlar não só a montagem e a amarração, mas também verificar se os gabiões sofrem deformações quando executados.

A montagem das caixas se dá no local da aplicação. Com as telas esticadas e dobradas, conforme as instruções do fabricante, são dispostos gabaritos de madeira na face frontal, que vão evitar deformações e garantir a conformação plana dos elementos. As pedras devem ser colocadas em três camadas.

Após acomodar as rochas até atingir um terço da altura da caixa, é recomendado aplicar dois tirantes – do mesmo material que a malha – no sentido transversal das caixas. Com dois terços completos, uma nova linha de tirantes deve ser disposta, e só então o preenchimento será total, extrapolando em cerca de 3 centímetros a altura das caixas.

O preenchimento de celas contíguas deve ser simultâneo, a fim de evitar esforços e deformações nas divisões internas. Em caixas de esquina é interessante aplicar tirantes em ambos os sentidos, para preservar a geometria dos elementos.

Especialistas garantem que a falta de mão de obra especializada não chega a ser um impeditivo, porque o método é bastante artesanal e simples de executar, além de versátil quanto à aplicação e ao impacto ambiental reduzido, já que emprega matéria- prima natural e é permeável – cerca de 30% do volume total dos gabiões é formado por vazios, que permite até mesmo o crescimento de vegetação entre as pedras.

Por isso, mesmo com o peso específico das rochas de 2,4 t/m³, o peso dos gabiões se assemelha ao da maioria dos solos (aproximadamente 1,8 t/m³).

O dimensionamento de estruturas em gabiões fundamenta-se no comportamento estático, a partir da resistência a tombamentos, escorregamentos, além de estabilidade global e pressões na fundação.

Vai ser necessário realizar pelo menos uma sondagem de percussão para verificar as condições do terreno, e o cálculo é muito semelhante ao da maioria das estruturas convencionais. Valores obtidos com ensaios e as avaliações do terreno é que determinam a seção da estrutura, o número e o posicionamento das caixas.

O engenheiro Frederico Falconi, diretor da ZF Engenheiros Associados, recomenda dispor as camadas de forma cruzada, no caso dos muros: na primeira camada, as celas estão alinhadas à parede do aterro; na camada seguinte, devem ser transversais à ela. Essa estratégia aumenta a estabilidade do conjunto.

Outra recomendação de Falconi é considerar uma inclinação de 10% para dentro do maciço para que, mesmo frente a deformações naturais de acomodação, a sensação estética seja a mesma de um muro vertical. Se for executado na vertical, é possível que após a acomodação o muro fique inclinado para fora.

Por fim, recomenda-se aprofundar a estrutura em pelo menos 30 centímetros abaixo da linha do solo. A justificativa para tanto é o aumento do atrito obtido com um encaixe preciso no terreno, com maior proteção para o pé do muro contra erosão e saturação do solo (canaletas).