quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Um Rio falido



TCE aponta superfaturamento de R$ 2,4 bilhões nas obras da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro
Decisão envolve integrantes dos consórcios Rio Barra S/A, Linha L4 Sul - CL4S e Construtor Rio Barra
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
25/Novembro/2016








 


O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) detectou irregularidades nas obras da Linha 4 do Metrô da capital carioca, que teriam causado prejuízos de R$ 2,4 bilhões aos cofres públicos. O relator do processo, conselheiro José Gomes Graciosa, determinou sejam retidos R$ 1,29 bilhão em créditos das construtoras responsáveis pelas obras por superfaturamento, e R$ 1,19 bilhão por sobrepreço, quando não há a confirmação de pagamento às contratadas pelo poder público.

As empresas afetadas pela decisão são aquelas integrantes dos consórcios Rio Barra S/A, Linha L4 Sul - CL4S e Construtor Rio Barra, como Queiróz Galvão S/A, Norberto Odebrecht, Carioca Christiani-Nielsen Engenharia, Cowan S/A, Servix Engenharia S/A, Constran S/A Construção e Comércio e TTrans Sistemas de Transportes S/A.

O processo também será enviado ao Ministério Público Estadual (MPE), Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Auditoria-Geral do Estado e Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (TCM-RJ). Na Corte de Contas do município, será decidido o que fazer em relação às obras de integração da Linha 4 e do BRT Transoeste, na Estação Jardim Oceânico, pagas pela prefeitura e com custo estimado em R$ 59,9 milhões.

A auditoria é de longa duração, como conta o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes de Carvalho Junior. "O tribunal realizou uma auditoria de dimensão inédita, iniciada em julho de 2015, que consumiu seis meses de trabalho de campo e mais sete de elaboração do relatório", relata. "A detalhada apuração se deveu ao enorme volume de recursos empregados numa obra pública e pela complexidade do empreendimento".

Ela terá continuidade para apurar eventuais danos que possam ter acontecido após o fim da fiscalização de campo, concluída em dezembro de 2015. No processo, o ex-governador Sérgio Cabral e o atual, Luiz Fernando Pezão, deverão justificar diversos termos aditivos assinados entre o estado e as empresas.

Também serão notificados os ex-secretários de Transporte do Estado Júlio Lopes e Carlos Roberto Osório, a diretora-presidente da Companhia de Transporte sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (Rio Trilhos), Tatiana Vaz Carius, o atual diretor de engenharia da companhia, Heitor Lopes de Sousa Junior, e o ex-diretor Bento José de Lima.
Para ver o voto na íntegra, clique aqui. 

domingo, 6 de novembro de 2016

Pensar as cidades



Fórum Urbanístico da Convenção Secovi-SP debate diretrizes globais e nova cultura
Ausência de visão de futuro é desastrosa para o desenvolvimento urbano, afirma especialista
Fabiana Holtz
30/Agosto/2016

















 Com o objetivo de disseminar o conceito de uma nova cultura urbana, a Convenção Secovi-SP promoveu um extenso debate sobre o tema durante o Fórum Urbanístico l, realizado nesta segunda-feira (29). Para analisar as diretrizes globais para o planejamento urbano, o evento reuniu Cláudio Bernardes, presidente do conselho consultivo do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP), o arquiteto Arthur Parkinson, diretor presidente da Parkinson Desenvolvimento Imobiliário e o urbanista Carlos Leite, membro do Núcleo de Estudos Urbanos de São Paulo.

Presente nas discussões internacionais sobre soluções para o desenvolvimento das cidades de maneira sustentável, humana e planejada, Bernardes apresentou os 10 princípios para uma nova agenda urbana. "As cidades são verdadeiros motores de mudanças. Para funcionar, o planejamento urbano deve ter como centro as pessoas. Em um momento de eleições municipais acredito que é importante reforçar esses princípios", acrescentou.

A questão será foco da terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), que acontecerá em Quito, entre 17 e 21 de outubro. A última edição do encontro ocorreu em Istambul (na Turquia), em 1996.

Parkinson, por sua vez, apresentou um retrato do caos urbano, suas causas e propôs soluções. "A ausência de visão de futuro, de pensar no longo prazo, com ações
implementadas passo-a-passo e pactuadas com todos é desastrosa para o desenvolvimento urbano."

O arquiteto anunciou também que o projeto da cartilha "Por uma nova cultura urbana", nascido em 2014, está concluído. Produzida em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), Senai e o Instituto Jaime Lerner (IJL), a publicação visa auxiliar as prefeituras no planejamento urbano. "É preciso mudar de rumo para evitar a catástrofe. O que o nosso setor pode fazer? Nós podemos e devemos ajudar, e muito. É o momento de nos reposicionarmos", afirmou.

A proposta de planejamento apresentada por Parkinson é estruturada em 30 anos, ou seis gestões, com o desenvolvimento de planos de mobilidade, de bairro e zoneamento (parâmetros urbanos). Nesse contexto, a gestão é fiscalizada de forma a garantir a continuidade do projeto. "Uma nova cultura urbana irá nos levar a uma cidade mais amiga. É gente nas ruas, nas calçadas, com a integração de todos os modais", concluiu.
Otimista, o urbanista Carlos Leite abordou detalhes do plano estratégico de Desenvolvimento Urbano Orientado pelo Transporte (DOT) criado para a região de Alphaville, Barueri e Santana de Parnaíba. O projeto tem uma visão de futuro de 40 anos. Isso significa que estará completamente implantado na década de 2050. "Existem muitas autoridades de municípios interessadas em implantar esse modelo de urbanização em suas cidades, mas não há capacitação", lamentou.

Leite elogiou o surgimento de mecanismos interessantes e inovadores para promover o DOT. Entre os instrumentos urbanos inovadores, o urbanista citou planos diretores contemporâneos, PPPs urbanas simplificadas; operações urbanas concentradas; Projetos de Intervenção Urbana (PIU) e planos estratégicos com visão de futuro.

Agenda urbana
A nova agenda urbana que será apresentada na Habitat lll apresenta 165 recomendações. Entre outros pontos, o documento pede que a Habitação seja tratada como uma das maiores prioridades para os governos nacionais e que a informalidade da moradia urbana seja reconhecida como um resultado da falta de habitação a preços acessíveis.
Pelo novo conceito de urbanização, as cidades devem ser:
1 - Socialmente inclusivas e envolventes;
2 - Acessíveis e equitativas;
3 - Economicamente vibrantes e inclusivas;
4 - Administradas coletivamente e governadas;
5 - Promover um desenvolvimento territorial coesivo;
6 - Regenerativas e resilientes;
7 - Ter pessoas que compartilhem os mesmos princípios e tenham o senso de pertencimento local;
8 - Bem planejadas, estruturadas para pedestres/ciclistas e ter transporte público
eficiente;
9 - Seguras, saudáveis e promover o bem-estar;
10 - Aprender e inovar.