sexta-feira, 31 de março de 2017

Engenharia e obras



Uso de pré-lajes para tabuleiros permitiu à Dersa contornar as restrições ambientais e a falta de espaço para os canteiros no Trecho Norte do Rodoanel
Edição 66 - Janeiro/2017

  O Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas usa 51 mil lajes ao longo de 44 quilômetros. A tecnologia empregada atende o prazo de execução e a demanda ambiental


Ambientalmente bastante delicado, e com poucas áreas disponíveis pela legislação para a montagem de canteiros de obras, o traçado do Trecho Norte do Rodoanel está exigindo o emprego de um sistema construtivo à base de pré-fabricação para a montagem de mais de uma centena de pontes e viadutos previstos no projeto.

A fabricação e a montagem do sistema - a escolha recaiu sobre as chamadas pré-lajes para tabuleiros - ficaram a cargo da M3SP Engenharia, empresa de Cotia (SP), que produziu 51 mil peças de pré-lajes de concreto armado para serem usadas como base das pontes, dentro dos padrões geométricos especificados pela Dersa. Cada pré-laje foi confeccionada com 2 metros de comprimento, 50 centímetros de largura e 7 centímetros de espessura. Trata-se de uma tecnologia que proporciona maior agilidade e rapidez à construção de obras de arte, sem a necessidade de grandes canteiros. As placas, fabricadas com concreto de alta resistência e sobre as quais passarão os veículos, podem ser instaladas diretamente sobre as vigas. Como são autoportantes, também tornam dispensáveis as fases de cimbramento e madeiramento, tornando mais ágil o trabalho de armação.


As placas apresentam elementos de aço de tração incorporados às peças, com armações treliçadas para estabilizá- las, e trazem ainda alças para facilitar o içamento por gruas. Os elementos de aço têm dimensões maiores que os painéis, para que apresentem as pontas de ancoragem que se juntarão com os pilares da ponte.

Toda essa estrutura facilita o trabalho de concretagem, pois possibilita que os operários se locomovam sobre as placas durante a execução. Além disso, as placas pré-fabricadas podem receber a eventual concretagem complementar também diretamente e, em seguida, a pavimentação.

É um processo eminentemente industrial e, para que ele fosse levado adiante, era preciso a participação no projeto de uma empresa com expertise nessa área. A escolhida foi a M3SP, que produz anualmente até 400 mil metros quadrados de pré-lajes e elementos maciços de concreto para o mercado brasileiro, com alto grau de automação, inclusive com o uso intensivo de robôs, e sob as mais variadas medidas.

"Para fabricarmos uma grande diversidade de peças nas quantidades desejadas, foi preciso investir em um conceito de fábrica flexível e em tecnologias modernas de gestão e produção", afirma Antonio Marmo Pádua, diretor-geral da empresa. De acordo com Pádua, a capacidade logística é outro diferencial importante da M3SP, do que dá prova o fato de que, entre a fábrica e o local do Trecho Norte do Rodoanel, as peças tiveram de percorrer cerca de 70 quilômetros, chegando incólumes e dentro dos prazos estabelecidos.