Saiba
como é feita a aplicação de argamassa projetada para evitar superaquecimento de
coberturas de aço durante incêndio
Proteção passiva diminui chances
de colapso estrutural e não possui qualquer reação química após sua aplicação
ou quando exposta à ação do fogo
Por Edson
Valente
Edição
62 - Setembro/2016
As coberturas de aço em geral
requerem algum tipo de proteção que diminua as chances de haver um colapso
estrutural durante um incêndio. Isso porque, quando submetido a altas
temperaturas, o aço perde parte de sua capacidade de resistência mecânica, o
que leva a deformações na estrutura e coloca em risco sua segurança. A
proteção, chamada passiva, tem como objetivo aumentar o tempo de resistência da
cobertura ao fogo.
Entre os materiais utilizados com
essa finalidade, está a argamassa projetada, um pré-misturado seco de
aglomerantes, agregados leves e aditivos poliméricos que, ao ser misturado com
água, é projetado diretamente na estrutura. "O produto possui baixo peso
específico, de aproximadamente 340 kg/m³, e é completamente atóxico, livre de
asbestos ou amianto", explica o engenheiro civil Humberto Bellei, membro
da comissão executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Cerca de 80% do peso seco do
produto é constituído de gesso. Cimento Portland, resinas acrílicas e cargas
inertes, tais como poliestireno expandido, celulose e preservantes, também
fazem parte de sua composição.
Segundo Bellei, não há qualquer
reação química da argamassa após a sua aplicação ou quando exposta à ação do
fogo. "Ela possui boa resistência mecânica e perfeita aderência a
superfícies metálicas", diz. Suas características obedecem aos requisitos
exigidos dos produtos de proteção passiva, como resistência a, no mínimo,
1.200ºC sem alterar suas propriedades, baixa condutibilidade térmica e
possibilidade de reutilização após exposição ao fogo.
A argamassa também não produz
fumaça nem odor na queima, é altamente refratária e isolante, não sofre
alterações em suas propriedades quando exposta ao óleo ou à água e resiste a
choques térmicos, impactos mecânicos e à abrasão do jato de água de combate ao
fogo. Cada fabricante determina para seu material uma espessura que dependerá
do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) pretendido. Uma recomendação
mínima para essa espessura seria de 2 cm, de acordo com Bellei.
O produto deve atender
integralmente aos requisitos das normas NBR 14.323 - Dimensionamento de
Estruturas de Aço de Edifícios em Situações de Incêndio e NBR 14.432 -
Exigências de Resistência ao Fogo dos Elementos Construtivos das Edificações.
Existem ainda procedimentos específicos para controle de qualidade da aplicação
das argamassas projetadas descritos na ABNT PE-043 - Certificação do Serviço de
Aplicação de Proteção Passiva Contra Fogo em Estruturas de Aço. Para assegurar
a qualidade do serviço realizado, é recomendada a contratação de empresas
certificadas pela ABNT.
1 Preparação da estrutura
A estrutura deve estar limpa, isenta de óleos, graxas ou qualquer outro componente que comprometa sua aderência, e, de preferência, sem nenhum tipo de primer aplicado. Em geral, não é necessária a retirada da carepa de laminação e/ou de alguma ferrugem formada
A estrutura deve estar limpa, isenta de óleos, graxas ou qualquer outro componente que comprometa sua aderência, e, de preferência, sem nenhum tipo de primer aplicado. Em geral, não é necessária a retirada da carepa de laminação e/ou de alguma ferrugem formada
2 Aplicação
O material é aplicado com bombas pressurizadas tipo rosca sem fim, projetada diretamente na estrutura
O material é aplicado com bombas pressurizadas tipo rosca sem fim, projetada diretamente na estrutura
3 Espessuras
As espessuras podem variar de 10 mm a 75 mm em função do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) e do fator de forma do perfil metálico, que é o perímetro do perfil exposto ao fogo em função da sua seção transversal
As espessuras podem variar de 10 mm a 75 mm em função do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) e do fator de forma do perfil metálico, que é o perímetro do perfil exposto ao fogo em função da sua seção transversal
4 Ancoragem
Aços não pintados apresentam a melhor condição de aderência dos materiais, dispensando a utilização de elementos de ancoragem. No caso de peças de grande altura, pode ser necessária a utilização de alguma ancoragem mecânica, como telas de fixação
Aços não pintados apresentam a melhor condição de aderência dos materiais, dispensando a utilização de elementos de ancoragem. No caso de peças de grande altura, pode ser necessária a utilização de alguma ancoragem mecânica, como telas de fixação
5 Mecanismo de proteção
Quando a temperatura ambiente atinge entre 90°C e 150°C, as ligações químicas existentes no gesso hidratado começam a se romper, liberando água de hidratação. A reação deflagrada absorve a energia do fogo, dessa forma, o aço mantém uma temperatura relativamente baixa durante 20 ou 30 minutos da primeira hora crítica do incêndio. Fatores relacionados à massa do produto e ao seu índice de vazios também trabalham para a proteção da estrutura
Quando a temperatura ambiente atinge entre 90°C e 150°C, as ligações químicas existentes no gesso hidratado começam a se romper, liberando água de hidratação. A reação deflagrada absorve a energia do fogo, dessa forma, o aço mantém uma temperatura relativamente baixa durante 20 ou 30 minutos da primeira hora crítica do incêndio. Fatores relacionados à massa do produto e ao seu índice de vazios também trabalham para a proteção da estrutura
pini, INFRAESTRUTURA URBANA.
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