sábado, 30 de julho de 2016

O Brasil em obras



BNDES cria grupo de trabalho para analisar liberação de financiamento a projetos de infraestrutura
Banco também conta com equipes especializadas em PPPs e privatizações
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
27/Junho/2016




 
O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) criou uma frente de trabalho concentrada na análise da liberação de empréstimo para todos os projetos de infraestrutura e logística que se encontram na instituição financeira. O objetivo da iniciativa é identificar as dificuldades dos programas e resolvê-las.

O BNDES também tem outras frentes de trabalho. Uma delas é voltada a privatizações, apoiando os governos estaduais no processo de desmobilização de ativos com conhecimento técnico.

Há, também, uma área de estruturação de projetos, vinculada à presidência do banco e com uma equipe técnica especializada, dedicada à modelagem de concessões, Parcerias Público-Privadas (PPPs) e privatizações. A área já apoiou o desenvolvimento de viabilidade e de 27 projetos de concessões desde a sua criação, em 2008. Os trabalhos são nos mais variados setores: rodovias, aeroportos, saneamento, educação e saúde.

O BNDES pode apoiar privatizações e concessões em todos os principais segmentos de infraestrutura econômica e social. O apoio dá-se na fase de elaboração dos estudos técnicos preparatórios para concessões, e durante o processo de licitação.

Governo Federal vai retomar duas mil obras inacabadas do PAC
Com orçamento estimado em R$ 2 bilhões, lista incluirá projetos de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, urbanização, eletricidade e mobilidade
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
27/Julho/2016



O Governo Federal deve finalizar em 20 dias uma lista de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) paralisadas ou inacabadas, com custo de até R$ 10 milhões, e que serão executadas com prioridade. Segundo o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, cerca de duas mil obras enquadram-se no perfil e têm custo estimado de R$ 2 bilhões.

"Vamos discutir com cada ministério para definir as obras prioritárias, com o objetivo de concentrar os recursos e garantir a conclusão daquelas de menor valor. O presidente Temer determinou que se priorizem obras que agreguem mão de obra local e cuja finalização seja muito importante para o atendimento das necessidades da população", explicou.

Durante a realização do diagnóstico, também serão identificadas aquelas não embargadas e sem problemas de licenciamento, que serão priorizadas. É prometido que os recursos serão realocados dentro da previsão orçamentária já existente para as pastas.

As obras incluem todos os setores de infraestrutura do PAC: rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, urbanização, eletricidade e mobilidade.


segunda-feira, 18 de julho de 2016

A força da grana...



Iniciativa privada é responsável por 54,3% dos investimentos em infraestrutura no Brasil em 2014, aponta CNI
Mais de 80% do valor, entretanto, foi financiado por BNDES, Caixa e Tesouro Nacional
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
18/Julho/2016























A iniciativa privada foi responsável, em 2014, por 54,3% dos recursos destinados à infraestrutura brasileira, o que significa R$ 70,7 bilhões dos R$ 130 bilhões investidos no ano. Entretanto, a maior parte dos capitais tem origem em empréstimos de entidades públicas. Os dados são da pesquisa "O Financiamento do Investimento em Infraestrutura do Brasil", realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta segunda-feira (18).

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, foi responsável por 46,2% dos empréstimos garantidos em 2014. O banco, em parceria com a Caixa Econômica Federal e com o Tesouro Nacional respondeu, no ano, por 83% da dívida tomada para custeio de investimentos em transportes, energia elétrica, telecomunicações e saneamento. Juntos, desembolsaram R$ 137,9 bilhões, do total de R$ 166,2 bilhões que financiaram o segmento. É importante lembrar que o total do financiamento não equivale ao total investido, já que alguns empréstimos concedidos não são convertidos em investimento no mesmo ano.

O estudo ainda sugere que o Brasil deveria investir entre 4% e 5% do seu PIB em infraestrutura, para se aproximar de países com níveis semelhantes de desenvolvimento. Entre os anos de 2007 e 2014, o valor investido foi ampliado em 167%, mas não traduziu numa melhor oferta de serviços, segundo a CNI. A entidade avalia que não é possível, a curto prazo, que a taxa de investimento do setor alcance 5% do PIB, não apenas por restrições macroeconômicas, mas também pela ausência de projetos de qualidade. Atualmente, o percentual do PIB brasileiro investido em infraestrutura encontra-se em 2,16%.

Dos setores de infraestrutura, aqueles a receberem maiores investimentos em 2014 foram: transportes (R$ 52,3 bilhões), eletricidade (R$ 37,5 bilhões), telecomunicações (R$ 29,3 bilhões) e água e saneamento (R$ 11,0 bilhões).

Quanto aos investimentos em transportes, em 2014, foram R$ 24,8 bilhões investidos em rodovias; R$ 9,4 bilhões em mobilidade urbana; R$ 8,9 bilhões em ferrovias; R$ 5,1 bilhões em aeroportos; R$ 3,3 bilhões em portos e R$ 800 milhões em hidrovias.

Apesar no aumento quantitativo de verbas financeiras, o percentual de investimento em transportes relativo ao PIB diminuiu ao longo das últimas décadas, já que era de 2,03% na década de 70; passou para 1,48% na década de 80; e para 0,63% na década de 90. Atualmente, entretanto, apresentou uma média de 0,7% entre os anos de 2001 a 2014.

Em telecomunicações, observou-se um expressivo crescimento de investimentos no setor na década de 1990. O percentual relativo ao PIB para o segmento era de 0,8% na década de 70; 0,43% na de 80; 0,73% na de 90 e 0,64% durante o período de 2001 a 2014.

Água e saneamento, apesar de ligeiro crescimento nos anos 2000 (passou de 0,15% na década de 90 para 0,19%), continua inferior aos dados dos anos 70 (0,46%) e 80 (0,24%). Quanto aos investimentos em eletricidade, os números caíram, de modo a apresentarem 2,13% nos anos 70; 1,47% nos 80; 0,76% nos 90; e 0,65% de 2001 a 2014.
O estudo ainda aponta que os setores com maior volume de investimentos (transporte e eletricidade) têm fontes públicas e privadas de investimento, enquanto o setor de telecomunicações é basicamente privado. Em saneamento, entretanto, as empresas privadas têm um papel secundário.

A CNI defende uma maior participação de investimentos privados no setor da infraestrutura, sob o argumento de que não é esperada uma expansão de crédito do BNDES e dos demais bancos públicos nos próximos anos, numa magnitude capaz de dar suporte ao investimento privado.

Ela mesma lembra, entretanto, que é improvável que instituições como fundos de pensões e seguradoras ampliem sua exposição a papéis de infraestrutura. Também é salientado que o problema não é apenas a escassez de recursos, mas também a eficiência com que os investimentos são realizados.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Testes e ensaios em engenharia



Edifício que será o mais alto da região Centro-Oeste passa por ensaio em túnel de vento no IPT
Arranha-céu terá 52 pavimentos e 175 metros de altura no bairro Nova Suíça, em Goiânia
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
4/Julho/2016




O Centro de Metrologia Mecânica, Elétrica e Fluidos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que abriga o túnel de vento de camada limite atmosférica, realizou uma série de ensaios sobre esforços de vento para o projeto do Kingdom Park Residence, um edifício de 175 metros de altura. O arranha-céu da Sim Engenharia e Empreendimentos será o mais alto da região Centro-Oeste.


A edificação, localizada no bairro Nova Suíça, em Goiânia (GO), é formada por uma torre única de 52 pavimentos, que incluem dois subsolos, térreo, dois mezaninos (garagem e área de lazer), duas coberturas duplex e 45 pavimentos tipo.

De acordo com Gabriel Borelli Mertins, pesquisador do IPT, a construção de edifícios cada vez mais altos implica em uma série de cálculos na concepção estrutural, como os ensaios em túnel de vento que determinam a ação do vento das fachadas e na cobertura das edificações. “Os ensaios na edificação foram realizados a fim de fornecer os coeficientes de pressão”, afirma Mertins. “Estes testes permitem prever o comportamento da estrutura face aos efeitos do vento de maneira mais próxima da realidade, levando em conta o formato do prédio, a topografia e as construções existentes no entorno”, continua.

Para a execução dos ensaios, foram simuladas as características do vento no bairro em que o edifício será construído. A referência para os testes foi a norma NBR 6123, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ela estipula as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação estática e dinâmica do vento, para efeito de cálculo de edificações.

Pela norma, a rugosidade do terreno é classificada em cinco classes e o terreno escolhido para a construção do conjunto residencial foi considerado como pertencente à categoria IV. Isso significa que é coberto por obstáculos numerosos e pouco espeçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada.

A cota média do topo dos obstáculos nessa categoria é de dez metros; ou seja, a região é composta de edificações e árvores de uma média de dez metros de altura, ou prédios de três andares. A partir dessa classificação, foi possível modelar características, como o comprimento da rugosidade, ou seja, a medida da rugosidade aerodinâmica da superfície sobre a qual o perfil da velocidade está sendo medido.

Com a confirmação dos resultados da simulação, foi montada a maquete da torre, em escala 1:200, com 479 tomadas de pressão total. A instrumentação foi feita nas áreas em que serão instaladas janelas de vidro, nas fachadas e nas quinas dos edifícios. Isso permite uma medição mais precisa das cargas de vento.

Foram realizados dois tipos de testes, no túnel de vento do IPT, para o edifício: o estático e o dinâmico. No primeiro, calcula-se a determinação das cargas do vento na caixilharia, revestimentos e momentos na fundação da edificação. Também são obtidas as forças aerodinâmicas médias, em modelos em escala reduzida. Neles, são determinados os coeficientes de arrasto e de sustentação.

No ensaio de resposta dinâmica, para edificações com altura superior a 120 metros e frequência natural de vibração menor que 0,25 Hz, são determinadas as amplitudes de vibração de edifício sob a ação do vento.

Tal teste permite verificar as características de conforto humano em função das vibrações do prédio, e alcançar maior segurança no projeto estrutural. A técnica utilizada para o ensaio foi a Integração de Pressões em Alta Frequência (High Frequency Pressure Integration – HFPI). “Os ensaios dinâmicos permitem determinar fenômenos como o vortex induced vibration, ou vibração induzida por vórtices, que pode acontecer principalmente em prédios muito altos e esbeltos”, afirma Martins.

Resultados
Os maiores valores de sobrepressão no ensaio estático foram obtidos a uma altura próxima de ¾ da altura do edifício, na fachada a barlavento. Se calculado pela norma, os valores máximos estariam localizados no ponto mais alto do edifício. “Além disso, os ensaios estáticos permitem a obtenção de carregamentos locais, que podem ser muito úteis na análise e no dimensionamento de caixilhos”, lembra Martins.

O coeficiente de forma (Ce) encontrado no ensaio é de -1,89 em uma das quinas da edificação, enquanto pela norma ABNT o valor máximo seria de -1,2. “Ou seja, esse é um local onde a caixilharia necessitará de uma melhor análise do projetista, para verificar se haverá necessidade de maior dimensionamento”, afirma.

Quanto à análise dinâmica, as maiores acelerações foram observadas nos pavimentos mais altos. Foi obtido um fator de pico de 3,17, e a média quadrática da aceleração foi de 0,05 m/s², para um vento com velocidade média de 25,7 m/s e um período de recorrência de dez anos. A norma da ABNT informa que a aceleração não pode exceder 0,1 m/s² para esse mesmo período de recorrência.