ONG diz que Venezuela vive emergência
humanitária complexa
ONU pode providenciar recursos para ajudar população
Publicado em 04/04/2019 - 07:17
Por Agência Brasil Brasília
A organização não governamental Human Rights Watch alertou hoje (4) que
a conjunção de fatores, como falta de comida e escassez de alimentos, gera na
Venezuela uma “emergência humanitária complexa”. Segundo a entidade, a
Organização das Nações Unidas (ONU) deve dar uma “resposta forte”.
Declarar oficialmente que na Venezuela há uma “emergência humanitária
complexa” é um princípio técnico da ONU que permitiria desbloquear a
mobilização de recursos humanos e materiais suficientes para atender às
necessidades urgentes dos venezuelanos.
Falta de alimentos e remédios leva população a sair às ruas em protesto contra governo da Venezuela (Arquivo/Reuters/Carlos Garcia Rawlins/Direitos Reservados)
O relatório "A emergência humanitária na Venezuela: uma resposta em
grande escala da ONU é necessária para enfrentar a crise de saúde e
alimentos", de 73 páginas, elaborado por especialistas e médicos da
Faculdade de Saúde Bloomberg Public, da Universidade Johns Hopkins, e da Human
Rights Watch, reúne uma série de detalhes sobre a situação no país.
"Por mais que eles tentem, as autoridades venezuelanas não podem
esconder a realidade do país", disse Shannon Doocy, PhD e professor
associado de Saúde Internacional na Escola Bloomberg de Saúde Pública, da
Universidade Johns Hopkins, que conduziu a investigação.
Estudo
No estudo, há informações sobre os níveis de mortalidade materna e
infantil, surtos de doenças que poderiam ser prevenidas com a vacinação, como o
sarampo e a difteria, e aumentos drásticos na transmissão de doenças
infecciosas, como a malária e a tuberculose.
O relatório adverte que tais dados indicam ainda a existência de elevado
nível de insegurança alimentar e desnutrição infantil, bem como alta proporção
de crianças internadas em hospitais com desnutrição.
"O colapso absoluto do sistema de saúde da Venezuela, combinado com
a escassez generalizada de alimentos, está exacerbando o calvário que os
venezuelanos estão vivendo e colocando mais pessoas em risco. Precisamos da
liderança da ONU para ajudar a acabar com esta grave crise e salvar vidas”,
apelou Doocy.
Em março, a Federação Internacional da Cruz Vermelha anunciou que
aumentaria sua presença na Venezuela para cobrir as necessidades de 650.000
pessoas. Dados não oficiais indicam que aproximadamente 7 milhões de
venezuelanos precisam de ajuda.
Providências
A ONG recomenda que o Escritório para a Coordenação de Assuntos
Humanitários (OCHA) aborde o caso venezuelano como prioritário para exigir a mobilização
de esforços e recursos de assistência humanitária em grande escala.
A entidade sugere ainda que as autoridades venezuelanas publiquem dados
oficiais sobre doenças, epidemiologia, segurança alimentar e nutrição, para que
a ONU possa avaliar de forma completa as necessidades humanitárias e a
magnitude real da crise.
Mais de 150 pessoas, entre especialistas, profissionais de saúde,
assistentes sociais, professores e líderes comunitários foram ouvidos na
elaboração do estudo divulgado hoje (4).
Edição: Kleber Sampaio
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