quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mudanças urgentes na Construção Civil



Momento complexo da construção civil exige mudança definitiva, dizem executivos
Profissionais pedem por maior integração entre construtoras e incorporadoras em evento do setor
Fabiana Holtz
27/Setembro/2016










O grande desafio para a construção civil hoje, segundo executivos do setor, é aproveitar a oportunidade para melhorar seus processos e evoluir através da integração com outros membros da cadeia. "Vivemos um momento complexo que vai exigir das empresas uma mudança definitiva. Mesmo com a recuperação da economia, as coisas não serão mais como antes", observou o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Carlos Alberto de Moraes Borges, na abertura do II Encontro de Construtores e Incorporadores, realizado pela entidade nesta terça-feira (27).

Esse movimento de integração, segundo o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Jorge Batlouni Neto, traria diversos benefícios para todos. "A participação da construtora na fase de desenvolvimento, por exemplo, contribuiria positivamente para a racionalização do projeto. A construtora também ajudaria com diversas dicas de economia de custo e participaria da escolha de materiais, minimizando problemas futuros", afirmou.

Longo prazo
Planejamento e gestão foi o tema abordado pelo diretor presidente da Brookfield Property Group Brazil, Roberto Perroni. O executivo trouxe detalhes sobre o projeto da sede da L'Oréal, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O empreendimento deve ser entregue em março de 2017.

"Quando conversamos com a JPL Incorporadora sugerimos algumas melhorias no projeto. O interessante é que tivemos de convencer a L'Oréal sobre o nosso objetivo com as mudanças propostas e mostrar que a nossa meta era de longo prazo", disse Perroni. Nas reuniões sobre especificações técnicas o executivo avalia que foi fundamental ter a engenharia presente desde o início do processo.

Sobre a ciclicidade do mercado, Perroni destacou que a taxa de vacância no segmento de escritórios está em níveis semelhantes a 2004, entre 17% e 18%, após atingir patamares próximos de 3,5% entre 2008 e 2010. Segundo ele, taxas menores no segmento virão apenas em 2018. "Passamos pelo boom dos flats, dos shoppings centers e agora pelo dos escritórios", acrescentou.

Para o executivo, gestão de mercado se trata de entender como funciona o sistema e saber o momento certo para a tomada de decisões.

Poder de decisão
Na sequência, o diretor de engenharia da Gamaro Desenvolvimento Imobiliário, Fernando Carvalhal tratou da importância de quem decide para o resultado final de um projeto. Em linhas gerais um projeto representa em torno de 2% do Valor Geral de Venda (VGV) de um empreendimento, de acordo com o executivo. "Isso tem um impacto significativo na etapa de produção".

Para Carvalhal, o envolvimento, comprometimento, a visão de dono e a visão do usuário final são questões fundamentais para a tomada de decisões.

O papel da construtora no desenvolvimento dos negócios foi o tema tratado pela superintendente de serviços técnicos da Hochtief do Brasil (HTB), Ana Cristina Chalita. Apesar da insistência de alguns em manter serviços de caráter artesanal e a escassez de mão de obra qualificada, o elevado grau de exigência tem ditado o mercado, segundo a executiva. "Nesse contexto é imprescindível o gerenciamento e a organização da cadeia de fornecedores", observou, ao recomendar a integração da informação desde o princípio.

A evolução do setor pede, na avaliação de Ana Cristina, o uso de sistemas integrados e novas tecnologias, com investimento em capacitação, planejamento, racionalização e produtividade.

Os principais pontos relacionados ao pós-obra/ocupação foram apresentados pelo diretor técnico da Tecnisa, Fábio Villas Bôas. Resultado da forte desaceleração nas vendas, hoje a área de assistência técnica da Tecnisa é maior que a de engenharia, revelou o executivo.

Com foco na perenidade da operação, Villas Bôas lembra que é preciso ensinar os usuários a operar a estrutura que receberam. "Temos procedimentos específicos para a entrega do imóvel onde explicamos o funcionamento de tudo e quais são as responsabilidades do síndico e do proprietário da unidade".

Defensor da integração da empresa de ponta a ponta como a chave para a entrega de um produto diferenciado, o executivo conclui sua apresentação com uma frase de professor Peter Drucker, pai da administração moderna. "O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes".

domingo, 18 de setembro de 2016

Argamassa contra incêndios



Saiba como é feita a aplicação de argamassa projetada para evitar superaquecimento de coberturas de aço durante incêndio
Proteção passiva diminui chances de colapso estrutural e não possui qualquer reação química após sua aplicação ou quando exposta à ação do fogo
Por Edson Valente
Edição 62 - Setembro/2016


As coberturas de aço em geral requerem algum tipo de proteção que diminua as chances de haver um colapso estrutural durante um incêndio. Isso porque, quando submetido a altas temperaturas, o aço perde parte de sua capacidade de resistência mecânica, o que leva a deformações na estrutura e coloca em risco sua segurança. A proteção, chamada passiva, tem como objetivo aumentar o tempo de resistência da cobertura ao fogo.

Entre os materiais utilizados com essa finalidade, está a argamassa projetada, um pré-misturado seco de aglomerantes, agregados leves e aditivos poliméricos que, ao ser misturado com água, é projetado diretamente na estrutura. "O produto possui baixo peso específico, de aproximadamente 340 kg/m³, e é completamente atóxico, livre de asbestos ou amianto", explica o engenheiro civil Humberto Bellei, membro da comissão executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).

Cerca de 80% do peso seco do produto é constituído de gesso. Cimento Portland, resinas acrílicas e cargas inertes, tais como poliestireno expandido, celulose e preservantes, também fazem parte de sua composição.

Segundo Bellei, não há qualquer reação química da argamassa após a sua aplicação ou quando exposta à ação do fogo. "Ela possui boa resistência mecânica e perfeita aderência a superfícies metálicas", diz. Suas características obedecem aos requisitos exigidos dos produtos de proteção passiva, como resistência a, no mínimo, 1.200ºC sem alterar suas propriedades, baixa condutibilidade térmica e possibilidade de reutilização após exposição ao fogo.

A argamassa também não produz fumaça nem odor na queima, é altamente refratária e isolante, não sofre alterações em suas propriedades quando exposta ao óleo ou à água e resiste a choques térmicos, impactos mecânicos e à abrasão do jato de água de combate ao fogo. Cada fabricante determina para seu material uma espessura que dependerá do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) pretendido. Uma recomendação mínima para essa espessura seria de 2 cm, de acordo com Bellei.

O produto deve atender integralmente aos requisitos das normas NBR 14.323 - Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edifícios em Situações de Incêndio e NBR 14.432 - Exigências de Resistência ao Fogo dos Elementos Construtivos das Edificações. Existem ainda procedimentos específicos para controle de qualidade da aplicação das argamassas projetadas descritos na ABNT PE-043 - Certificação do Serviço de Aplicação de Proteção Passiva Contra Fogo em Estruturas de Aço. Para assegurar a qualidade do serviço realizado, é recomendada a contratação de empresas certificadas pela ABNT.



1 Preparação da estrutura
A estrutura deve estar limpa, isenta de óleos, graxas ou qualquer outro componente que comprometa sua aderência, e, de preferência, sem nenhum tipo de primer aplicado. Em geral, não é necessária a retirada da carepa de laminação e/ou de alguma ferrugem formada

2 Aplicação
O material é aplicado com bombas pressurizadas tipo rosca sem fim, projetada diretamente na estrutura

3 Espessuras
As espessuras podem variar de 10 mm a 75 mm em função do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) e do fator de forma do perfil metálico, que é o perímetro do perfil exposto ao fogo em função da sua seção transversal

4 Ancoragem
Aços não pintados apresentam a melhor condição de aderência dos materiais, dispensando a utilização de elementos de ancoragem. No caso de peças de grande altura, pode ser necessária a utilização de alguma ancoragem mecânica, como telas de fixação

5 Mecanismo de proteção
Quando a temperatura ambiente atinge entre 90°C e 150°C, as ligações químicas existentes no gesso hidratado começam a se romper, liberando água de hidratação. A reação deflagrada absorve a energia do fogo, dessa forma, o aço mantém uma temperatura relativamente baixa durante 20 ou 30 minutos da primeira hora crítica do incêndio. Fatores relacionados à massa do produto e ao seu índice de vazios também trabalham para a proteção da estrutura
pini, INFRAESTRUTURA URBANA.