quinta-feira, 7 de julho de 2016

Testes e ensaios em engenharia



Edifício que será o mais alto da região Centro-Oeste passa por ensaio em túnel de vento no IPT
Arranha-céu terá 52 pavimentos e 175 metros de altura no bairro Nova Suíça, em Goiânia
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
4/Julho/2016




O Centro de Metrologia Mecânica, Elétrica e Fluidos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que abriga o túnel de vento de camada limite atmosférica, realizou uma série de ensaios sobre esforços de vento para o projeto do Kingdom Park Residence, um edifício de 175 metros de altura. O arranha-céu da Sim Engenharia e Empreendimentos será o mais alto da região Centro-Oeste.


A edificação, localizada no bairro Nova Suíça, em Goiânia (GO), é formada por uma torre única de 52 pavimentos, que incluem dois subsolos, térreo, dois mezaninos (garagem e área de lazer), duas coberturas duplex e 45 pavimentos tipo.

De acordo com Gabriel Borelli Mertins, pesquisador do IPT, a construção de edifícios cada vez mais altos implica em uma série de cálculos na concepção estrutural, como os ensaios em túnel de vento que determinam a ação do vento das fachadas e na cobertura das edificações. “Os ensaios na edificação foram realizados a fim de fornecer os coeficientes de pressão”, afirma Mertins. “Estes testes permitem prever o comportamento da estrutura face aos efeitos do vento de maneira mais próxima da realidade, levando em conta o formato do prédio, a topografia e as construções existentes no entorno”, continua.

Para a execução dos ensaios, foram simuladas as características do vento no bairro em que o edifício será construído. A referência para os testes foi a norma NBR 6123, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ela estipula as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação estática e dinâmica do vento, para efeito de cálculo de edificações.

Pela norma, a rugosidade do terreno é classificada em cinco classes e o terreno escolhido para a construção do conjunto residencial foi considerado como pertencente à categoria IV. Isso significa que é coberto por obstáculos numerosos e pouco espeçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada.

A cota média do topo dos obstáculos nessa categoria é de dez metros; ou seja, a região é composta de edificações e árvores de uma média de dez metros de altura, ou prédios de três andares. A partir dessa classificação, foi possível modelar características, como o comprimento da rugosidade, ou seja, a medida da rugosidade aerodinâmica da superfície sobre a qual o perfil da velocidade está sendo medido.

Com a confirmação dos resultados da simulação, foi montada a maquete da torre, em escala 1:200, com 479 tomadas de pressão total. A instrumentação foi feita nas áreas em que serão instaladas janelas de vidro, nas fachadas e nas quinas dos edifícios. Isso permite uma medição mais precisa das cargas de vento.

Foram realizados dois tipos de testes, no túnel de vento do IPT, para o edifício: o estático e o dinâmico. No primeiro, calcula-se a determinação das cargas do vento na caixilharia, revestimentos e momentos na fundação da edificação. Também são obtidas as forças aerodinâmicas médias, em modelos em escala reduzida. Neles, são determinados os coeficientes de arrasto e de sustentação.

No ensaio de resposta dinâmica, para edificações com altura superior a 120 metros e frequência natural de vibração menor que 0,25 Hz, são determinadas as amplitudes de vibração de edifício sob a ação do vento.

Tal teste permite verificar as características de conforto humano em função das vibrações do prédio, e alcançar maior segurança no projeto estrutural. A técnica utilizada para o ensaio foi a Integração de Pressões em Alta Frequência (High Frequency Pressure Integration – HFPI). “Os ensaios dinâmicos permitem determinar fenômenos como o vortex induced vibration, ou vibração induzida por vórtices, que pode acontecer principalmente em prédios muito altos e esbeltos”, afirma Martins.

Resultados
Os maiores valores de sobrepressão no ensaio estático foram obtidos a uma altura próxima de ¾ da altura do edifício, na fachada a barlavento. Se calculado pela norma, os valores máximos estariam localizados no ponto mais alto do edifício. “Além disso, os ensaios estáticos permitem a obtenção de carregamentos locais, que podem ser muito úteis na análise e no dimensionamento de caixilhos”, lembra Martins.

O coeficiente de forma (Ce) encontrado no ensaio é de -1,89 em uma das quinas da edificação, enquanto pela norma ABNT o valor máximo seria de -1,2. “Ou seja, esse é um local onde a caixilharia necessitará de uma melhor análise do projetista, para verificar se haverá necessidade de maior dimensionamento”, afirma.

Quanto à análise dinâmica, as maiores acelerações foram observadas nos pavimentos mais altos. Foi obtido um fator de pico de 3,17, e a média quadrática da aceleração foi de 0,05 m/s², para um vento com velocidade média de 25,7 m/s e um período de recorrência de dez anos. A norma da ABNT informa que a aceleração não pode exceder 0,1 m/s² para esse mesmo período de recorrência.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sul do Pará



Governo assina contrato para execução do derrocamento do Pedral do Lourenço, no Pará
Obra orçada em R$ 520 milhões deve colaborar para o escoamento da produção agrícola, pecuária e mineral de cinco estado brasileiros
Luísa Cortés, do Portal PINIweb
16/Junho/2016




O Governo Federal assinou nesta quarta-feira (16) o contrato para elaboração de estudos, projeto básico e executivo do derrocamento do Pedral do Lourenço. A formação rochosa é localizada no estado de Tocantins, e impede a navegação hidroviária do rio Tocantins-Araguaia, da ilha do Bógea a Santa Terezinha do Tauri, no sudeste paranaense.

O contrato foi firmado pelo ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, pelo ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, e pela DTA Engenharia Ltda, responsável pelo serviço. Será investido, por parte do Governo Federal, um total de R$ 520 milhões na obra.

O trecho de pedras tem 43 km de extensão e impede o escoamento da produção agrícola, pecuária e mineral dos estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás e Mato Grosso ao Porto de Vila do Conde, importante canal de ligação com os mercados da Europa e dos Estados Unidos, e à região do baixo Amazonas. A capacidade operacional do porto é de 20 milhões de toneladas para o ano de 2025, estima o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

O projeto favorecerá a utilização de eclusas da barragem do Tucuruí, mesmo em períodos de estiagem, tornando possível a navegabilidade durante os 12 meses do ano. Após a remoção das rochas, será aberto um canal de 140 metros de largura no trecho.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Energia Solar no asfalto!

Aplicação de painéis fotovoltaicos em pavimentos de rodovias
Maurício Bernardes 






As rodovias cobrem atualmente dezenas de milhões de quilômetros da superfície do nosso planeta sendo ocupadas por veículos apenas durante 10% do tempo.

Esta constatação acabou motivando estudos sobre a viabilidade da implantação de dispositivos para aproveitamento de energia solar por conversão fotovoltaica no pavimento de estradas, a exemplo do que vem sendo feito pela empresa americana Solar Roadways.


Em 2014, a pavimentação de uma pista de circulação de bicicletas na Holanda, com 70 m de extensão, foi a primeira aplicação do conceito no mundo. Usando faixas fotovoltaicas embutidas em pavimento de concreto e revestidas por uma camada de vidro temperado, o sistema foi responsável por uma produção média anual de 70kWh/m².

Nos últimos 5 anos, um outro estudo com perspectivas mais promissoras foi conduzido na França. Ele culminou com o anúncio do governo francês no início do ano dando conta de que o país irá pavimentar cerca de 1000 km de rodovias com sistemas de painéis fotovoltaicos. Em cinco anos os franceses esperam abastecer 5 milhões de pessoas com a implantação.



Ilustração do piso fotovoltaico em fase de implantação na França





Fruto da colaboração do Colas Group (conglomerado francês de empresas e líder mundial em infraestrutura de transportes) e do Instituto Nacional Francês de Energia Solar, o sistema concebido é formado por painéis fotovoltaicos de cerca de 6 mm de espessura com capacidade para suportar o tráfego pesado de rodovias sem ruptura e sem tornar as superfícies escorregadias.

Chamado de Wattway ®, é o primeiro piso fotovoltaico desenvolvido no mundo com a capacidade de ser instalado diretamente sobre a superfície de rodovias existentes incorporando uma nova função às estradas: geração de energia.

Antes da decisão de instalar em escala, as avaliações iniciais francesas submeteram o mecanismo a um ciclo de exposição equivalente à passagem de 1 milhão de veículos, volume de tráfego esperado em 20 anos de utilização de uma rodovia com tráfego normal. Nesta avaliação, o mecanismo manteve o desempenho e a integridade.

Cada painel tem 1,75 m x 0,70 m e 9kg de peso, sendo composto por um fino filme de silício policristalino capaz de se adaptar às dilatações do pavimento e às cargas de veículos, favorecendo a durabilidade do sistema.

AdicionIlustração do piso fotovoltaico para rodovias criado pelo Colas Group e pelo Instituto Nacional Francês de Energia Solar (Wattway ®)ar legenda


O filme fotovoltaico é coberto por resinas e polímeros que formam uma camada translúcida de proteção e que propicia um maior coeficiente de atrito da superfície na interação com os pneus dos veículos, equivalente ao obtido com o uso de pavimentos asfálticos tradicionais. As ligações elétricas foram idealizadas para que o sistema continue operando mesmo que alguma célula fotovoltaica pare de funcionar.

Excetuando o custo de instalação, o Colas Group estima que a tecnologia tenha um custo da ordem de 6 euros por Wp (watt pico - medida de geração de energia elétrica em determinadas condições de exposição das células fotovoltaicas à radiação solar).

 
AdicionIlustração da módulo fotovoltaico para revestimento de pisos de rodovias desenvolvido pelo Colas Group e pelo Instituto Nacional Francês de Energia Solar (Wattway ®)ar legenda



 
 Wattway ® em números:

- 20 m² de Wattway ® (4 metros de extensão de uma rodovia) conseguem produzir energia para abastecer uma residência unifamiliar. 

- 1 km de rodovia pavimentada com Wattway ® pode produzir eletricidade para iluminação pública de uma cidade com 5 mil habitantes, de acordo com a Agência Francesa de Meio Ambiente e Energia.

- 15 m² de Wattway ® conseguem produzir energia para todas as sinalizações semafóricas de um cruzamento.

Há, contudo, uma série de desafios para que a tecnologia seja disseminada e possa conquistar uma participação maior no mercado de energias limpas, principalmente os maiores custos e a menor eficiência das placas, se comparadas às regularmente utilizadas nas coberturas das edificações, que são dispostas com melhor orientação e apresentam melhores condições de ventilação (células fotovoltaicas normalmente têm aumento de eficiência com a diminuição da temperatura de sua superfície).

Por outro lado, como a necessidade e os recursos limitados acabam direcionando as inovações, acredito que em breve estaremos mais próximos da viabilidade da disseminação desta tecnologia.